Comércio de Hortolândia conquista sua emancipação
quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013Nos últimos anos, diversas multinacionais se instalaram em Hortolândia e passaram a empregar moradores da cidade. Atuando em serviços ligados, em grande parte, à tecnologia, o poder de compra dos trabalhadores aumentou e permitiu gastos além dos corriqueiros, necessários ao dia a dia. Consequentemente, o comércio se fortaleceu e, agora, passa pelo melhor momento da história do município.
O ciclo do aquecimento econômico movimentado pela vinda das empresas é um dos principais fatores que permitiram o crescimento do comércio na cidade. Ele é citado, por exemplo, pelo secretário municipal de Governo, Geraldo Estevo Pinto, que vê com naturalidade a evolução. “Os empregados tem um poder aquisitivo maior por trabalharem com um tipo de atividade tecnológica e o comércio vem suprir a necessidade do consumo local. Isso pra nós foi natural”, explica. De 2005 até 2012, a renda média de uma família de Hortolândia saltou de R$ 870 para R$ 2.000.
Um levantamento feito pela Acic (Associação Comercial e Industrial de Campinas) aponta a cidade como a que registrou o maior aumento percentual no faturamento do comércio entre as cinco da RPT (Região do Polo Têxtil). A comparação foi feita entre os dois últimos anos. No total, Hortolândia faturou R$ 1,5 milhão.
Segundo dados do governo municipal e da Aciah, a associação comercial de Hortolândia, em sete anos, o número de estabelecimentos comerciais cresceu 60%. Passou de 1.599 em 2005 para 2.681 na contagem até 2012. Presidente da Aciah, Almir Grizante diz acreditar que se trata de um crescimento notável. “Na comparação com dez anos, houve um crescimento gigantesco. Quem conhecia Hortolândia há dez anos, não a reconhece mais”, afirma.
Entre outubro de 2011 e junho deste ano, os investimentos feitos por empresários devem somar mais de R$ 170 milhões. Do montante, fazem parte um shopping, um complexo comercial, três supermercados e um hotel que já se instalaram ou anunciaram a vinda. O total de empregos diretos gerados pelos empreendimentos chega a quase 2.400.
O mais recente deles foi conhecido na quarta-feira passada. A Toya Martins Incorporações anunciou a construção de duas torres residenciais de 14 andares no Parque Gabriel. As vendas dos apartamentos devem gerar R$ 53 milhões. Segundo o presidente da empresa, Ademar Martins, fatores como o crescimento do município, a atração de investimentos e novas empresas e o crescimento da renda dos moradores foram fundamentais para a consolidação do projeto.
Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) apontam que, entre 2000 e 2010, o PIB (Produto Interno Bruto) municipal cresceu cinco vezes, passando de R$ 1,2 bilhão para R$ 6,2 bilhões. Neste período, foram criados 20.000 postos de trabalho formais, número que reduziu a taxa de desemprego de 17,2% para menos de 2%.
A prosperidade coincide com a consolidação da cidade como polo industrial e tecnológico da região. Na última década, o número de indústrias aumentou de 231 para 480, segundo a Prefeitura de Hortolândia. Empresas como a Dell Computadores, Wickbold (fabricante de pães e derivados de trigo), CAF Brasil (setor ferroviário), Lanmar (metalúrgica) e a chinesa ZTE (componentes eletrônicos) escolheram o solo hortolandense para investir amparadas na confiança de que o município trilha um bom caminho para a evolução socioeconômica.
Rua Luiz Camilo de Camargo é símbolo do crescimento
A Rua Luiz Camilo de Camargo, na região central, é emblemática para explicar a evolução do comércio em Hortolândia. Antes ocupada apenas por lojas de pequeno e médio porte, hoje se consolidou como a principal zona comercial hortolandense. No cruzamento da via com a Rua Caetano Basso, foi inaugurado em setembro de 2011 um complexo do Grupo Seller, que investiu R$ 7,5 milhões para abrigar quatro lojas. Um mês depois, próximo ao cruzamento da Luiz Camilo com a Rua João Blumer, foi aberto o Shopping Hortolândia, empreendimento de R$ 80 milhões, considerado a “cereja do bolo” do governo petista de Angelo Augusto Perugini (PT).
O superintendente do shopping, Marcelo Rodrigues, diz que a cidade foi escolhida devido ao “grande potencial de crescimento e desenvolvimento”. Diariamente, 16 mil pessoas passam pelos corredores com mais de 100 lojas. O empresário estima que o shopping movimente mensalmente R$ 1.200 por metro quadrado, e comemora. “Para um empreendimento com um ano e dois meses de vida, obtivemos resultados que se superam a cada mês, elevando o grau de confiança do nosso público consumidor”. Segundo ele, já há um projeto de expansão do shopping, que dará mais opções de compra aos visitantes.
A auxiliar de escritório Ana Paula de Moraes, de 23 anos, é uma das entusiastas do comércio em Hortolândia. Moradora do Jardim Amanda, ela diz que prefere vir até o centro da cidade para consumir. “Antes, era mais comum pegar o carro e ir para Campinas. Hoje, tenho o que preciso por aqui. Tudo o que eu quero encontro no Centro ou no shopping”, conta.
Trânsito e segurança na cidade de Hortolândia ainda são problemas
Apesar do bom momento vivido pelo comércio hortolandense, a cidade ainda carece de infraestrutura para suportar o crescimento. As principais reclamações dos consumidores são relacionadas à segurança e ao trânsito.
Hortolândia ainda carrega a imagem de ser uma das mais violentas da região. No ano passado, registrou 1.495 furtos e 1.290 roubos. Comparando-se com dez anos atrás, o primeiro índice subiu e enquanto o segundo caiu, segundo dados da SSP (Secretaria Estadual de Segurança Pública). A cidade só perde para Sumaré nas estatísticas. O funcionário de uma loja de calçados da região central, Alan Marques de Souza, diz que já foi assaltado três vezes após sair do trabalho. “Não é tão tranquilo ainda trabalhar por aqui”, lamenta.
O trânsito na região da Luiz Camilo de Camargo também não agrada aos consumidores. Uma das dificuldades é estacionar. Segundo o presidente da Aciah, Almir Grizante, há descontentamento com o sistema de estacionamento rotativo (Zona Azul). “Tem muita discussão entre o pessoal que gerencia a Zona Azul na rua e a população”, explica o presidente. Segundo ele, uma reunião com a Prefeitura está marcada para amanhã.
Fonte: Jornal O Liberal