Sem bombeiros, atendimento em Hortolândia leva até 20 minutos
quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013O tempo que o Corpo de Bombeiros leva para atender uma ocorrência na cidade de Hortolândia pode chegar a 20 minutos em alguns casos. Das seis cidades com mais de 150 mil habitantes na RMC (Região Metropolitana de Campinas), Hortolândia é a única que não possui uma corporação estadual ou municipal.
A situação é alvo de críticas e cobranças dos vereadores do município, no entanto, a implantação do serviço na cidade de Hortolândia parece longe de acontecer.
Atualmente, quando um incêndio acontece na cidade, é acionada a unidade do Corpo de Bombeiros localizada no Jardim Eulina, em Campinas. Se a ocorrência estiver em uma das ruas mais movimentadas de Hortolândia, a Luiz Camilo de Camargo, os socorristas levarão, em média, 18 minutos para percorrer aproximadamente 14 quilômetros.
Caso os bombeiros precisem se descolar até o Jardim Amanda, a região mais populosa do município, eles terão que percorrer pouco mais de 15 quilômetros, distância que leva em média 20 minutos.
O pesquisador do IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), José Carlos Tomina, diz que o tempo médio é quase três vezes maior do que o recomendado. “Um tempo de resposta internacionalmente aceito seria de cinco a sete minutos”, explica.
O especialista coordena o estudo Brasil Sem Chamas, cujos objetivos são identificar a presença de unidades do Corpo de Bombeiros nos municípios brasileiros e apontar soluções aos governos. Ainda em fase de finalização, a pesquisa já permite afirmar que apenas 11% das cidades brasileiras possui uma guarnição de bombeiros, seja ela militar ou civil.
Em entrevista, Tomina criticou a situação de muitas cidades que se enquadram na parcela das que não têm uma corporação, entre elas, Hortolândia.
“É inadmissível. É uma coisa que o Brasil tem que avançar muito. Hortolândia, com esse tamanho, depender de Campinas, é uma vergonha”, opinou. Dados da Prefeitura de Hortolândia apontam que o número de focos de incêndio em 2012 cresceu em relação a 2011. Foram 240 no ano passado contra 219 há dois anos.
Para ele, a iniciativa de se implantar uma unidade deve partir dos prefeitos. Ele ressalta, porém, que o alto custo para a manutenção de convênios com o governo estadual, responsável pelos bombeiros militares, pode desestimular as prefeituras.
Como alternativa, o pesquisador sugere que os municípios criem suas próprias guarnições em parceria com a Defesa Civil. “O governo federal tem interesse em ajudar os prefeitos a montarem suas defesas civis. Tem muito recurso disponível. O que falta é competência técnica dos prefeitos para apresentarem bons projetos”, critica.
Sumaré, a cidade mais populosa da RPT (Região do Polo Têxtil) foi a única que adotou a alternativa. Americana e Santa Bárbara d’Oeste possuem convênios com o Estado. Já Nova Odessa depende da corporação americanense, mas a nova administração diz que irá pleitear a implantação.
A ausência de uma unidade especializada no combate a emergências de grande porte faz, inclusive, com que alguns empreendimentos de Hortolândia tenham que se virar. O Shopping Hortolândia, por exemplo, possui uma equipe de bombeiros especializada, presente no local 24h.
Ainda assim, Tomina faz um alerta. “Não adianta ter um Corpo de Bombeiros em uma cidade de 300 mil habitantes se ele também não chega a tempo. Não é o fato de ter o bombeiro no local que está resolvido. Tem que ter equipamentos adequados e equipe técnica bem preparada”, diz o pesquisador.
Pedido
No mês passado, o prefeito Antonio Meira (PT) pediu formalmente ao secretário estadual de Segurança Pública, Fernando Grella, para firmar uma parceria que garantisse a implantação do Corpo de Bombeiros na cidade. Até agora, no entanto, não houve resposta.
“O mais importante é a prevenção”, diz pesquisador
Para muitas pessoas, a missão mais importante do Corpo de Bombeiros é a de resgatar. O estudo Brasil Sem Chamas, no entanto, tenta desmistificar o senso comum. “A gente imagina que a função do bombeiro é agir no momento da ocorrência, mas não é. O mais importante é o trabalho de prevenção”, explica José Carlos Tomina.
Segundo o estudo, por ano, ocorrem 200 mil incêndios por ano país. Sessenta mil apenas no estado de São Paulo.
Anualmente, 1200 pessoas são resgatadas mortas pelos bombeiros. O pesquisador diz acreditar que os números poderiam ser reduzidos caso houvesse consciência da situação e da importância da avaliação de projetos de segurança.
“O pessoal imagina que os incêndios aconteçam meia dúzia de vezes por ano. Não tem noção que os incêndios de porte acontecem aos montes todos os dias. Se não fizer este trabalho [de prevenção] com rigor e seriedade, vai ter que correr atrás do fogo”, alerta.
“Uma das metas do projeto Brasil Sem Chamas é esta conscientização. Passar informações do risco que a população está exposta toda vez que vai ao cinema, à escola e ao hospital”. O levantamento acontece desde 2005 e conta com a participação de mais de 200 especialistas e 40 entidades.
Segundo Tomina, a pesquisa deverá ser disponibilizada em menos de um mês e será encaminhada ao governo federal.
Vereadores cobram implantação do Corpo de Bombeiros
A tragédia que matou 239 pessoas na boate Kiss, na cidade de Santa Maria (RS), motivou a cobrança de parlamentares de Hortolândia pela implantação de uma unidade do Corpo de Bombeiros na cidade.
Na primeira sessão da Câmara, realizada na semana passada, o vereador do PV Adaílton Sá (PV) e o presidente do Legislativo, Paulo Pereira Filho (PPL), discutiram requerimentos sobre o assunto.
“Vários vereadores tentaram sensibilizar o Estado, mas não obtiveram sucesso. Estou pedindo ao Executivo, que veja outra maneira, caso não seja possível via Estado. Que se busque uma solução com ONGs (Organizações Não Governamentais) ou Oscips (Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público) para resolver esse problema”, pediu o presidente.
Na tribuna livre, Sá fez um apelo ao governo do Estado de São Paulo. “Hortolândia é a cidade da região que mais cresce. Nós queremos que o governo estadual se mobilize. Vamos buscar a ajuda dos nossos deputados para conseguir trazer o Corpo de Bombeiros. Hoje, em situações de incêndios, até os bombeiros chegarem aqui muitos patrimônios e famílias já se foram, e com a corporação na cidade, podemos minimizar essa situação”.
Fonte: Jornal O Liberal
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